Por que é relevante compartilhar um sentimento negativo?
É importante falar sobre esse sentimento negativo o mais rápido possível, por estar vivo agora e se a relação e o assunto são importantes para você. Mas claro, sem atropelar o outro que precisa estar disposto a escutar. Ainda mais nesse período de distanciamento social, o ideal é criar um momento para discutir a forma de estarmos juntos: do que gostamos ou, ao contrário, não gostamos? Isso ajuda a entender o que o comportamento de cada pessoa significa para os outros. Se não falarmos com calma, acumulamos desconforto até o dia em que explode.
Em nossas culturas ocidentais, falamos muito pouco uns com os outros. Ficamos no funcional, no prático: quem faz as compras, cuida das crianças, paga as contas… Em vez de dizer “gostei, me sinto grato quando você faz…” ou “isso me incomodou, gostaria que…”. Armazenamos frustrações. O que é arriscado porque as frustrações são emoções e são as emoções que nos colocam em movimento. Se não os ouvimos, isso pressiona. É como se eu contivesse todos os meus sentimentos desagradáveis em uma panela de pressão sobre a qual coloco tampas familiares, sociais, profissionais. Essa panela é colocada no fogo do tempo. Mais cedo ou mais tarde estourou: raiva, tristeza … E se não explodir, implode, o que provoca depressão, cansaço.
Por que temos dificuldade em compartilhar sentimentos desconfortáveis?
Muitos de nossos sofrimentos vêm de querer harmonia e realização (ou pior resultado!) a todo custo. Sonhamos que, como casal, sempre nos daremos bem, que como família, sempre nos entenderemos bem, que nosso colega de trabalho sempre vai colaborar ou que nosso funcionário sempre vai executar. Claro, é parte de nossos impulsos naturais, é o mundo que queremos criar. Mas nem sempre acontece assim. Precisamos aceitar momentos caóticos, de desentendimentos, quando não nos entendemos bem. Eles fazem parte da vida. Na CNV, a aceitação e verbalização do sentimento é fundamental!
Eu aprendi a verbalizar meus sentimentos na minha jornada de Comunicação Não Violenta. Até então ninguém tinha me ensinado. Nas vivências de CNV, andamos com nossa lista de sentimentos e exploramos todos eles.